Onicotomia, ou Remoção das Garras – parte 1

01 agosto 2015, 10:39. Postado por Resgatinhos

Consta do nosso termo de adoção a seguinte cláusula:

“Em nenhuma hipótese submeter o gato à onicotomia (cirurgia para remoção das garras).”

A grande maioria dos nossos adotantes se surpreende ao ler essa cláusula e nunca sequer havia ouvido falar sobre isso, ficando chocados quando explicamos o que é. Felizmente essa prática não é tão comum no Brasil, sendo inclusive considerada ilegal (assim como na maioria dos países europeus). Mas sempre tem um vet açougueiro ou outro que está disposto a realizá-la pelo preço certo.

Nos Estados Unidos no entanto a história é diferente: a onicotomia é legal, e uma prática bastante difundida nas clínicas veterinárias. Mas o que é exatamente, e por que o dono de um gato sujeita seu bichano a isso?

Vou colocar as informações mais básicas nesse post, e na semana que vem um post mais técnico sobre a cirurgia e as suas complicações. Informação nunca é demais, mesmo que não seja algo comum aqui no Brasil.

Vamos lá: a remoção das garras dos gatos é feita para conveniência das pessoas, única e exclusivamente. O gato não ganha absolutamente nada com isso, muito pelo contrário. O dono do gato resolve que está cansado de ter seu sofá destruído pelos arranhões, e ao invés de procurar outras soluções decide eliminar o problema na fonte: eliminando as garras. Essa prática na Inglaterra é considerada “desumana” e uma “mutilação desnecessária”, e felizmente no Brasil a linha de pensamento é a mesma.

Existem alguns pontos muito importantes que a pessoa deve saber antes de considerar uma cirurgia dessa. A remoção das garras NÃO é como uma manicure! A garra do seu gato não é simplesmente uma unha, ela está intimamente conectada ao osso. Tão intimamente que para remover a garra, o último osso dos ‘dedinhos’ do seu gato precisa ser removido também! Portanto, a remoção das garras é na verdade uma amputação da falange distal dos ‘dedos’ do seu gato.

Torna-se claro então porque a remoção das garras não é um ato humano. É uma cirurgia extensa (afinal, são dez amputações!), com um período de recuperação extremamente doloroso (tão doloroso que o pós-operatório é utilizado pelos laboratórios para testar a potência de novos analgésicos!!). E lembre-se que durante o período de recuperação o seu gato ainda precisa usar as patas para andar, pular, cobrir os dejetos na caixinha de areia, independente da dor que esteja sentindo. Cadeiras de roda e comadres não são uma opção para gatos.

Nenhum amante dos felinos duvida que os gatos – cujos sentidos são muito mais aguçados que os nossos – sofrem dor. No entanto, eles escondem melhor o fato. Eles não são só orgulhosos, mas sabem que na natureza qualquer demonstração de fraqueza coloca sua vida em risco, portanto escondem a dor.

O corpo do seu gato é perfeitamente projetado para dar a ele a elegância, agilidade e beleza tão únicos aos felinos. Suas garras têm um papel importantíssimo nesse projeto, e amputar essa importante parte da sua anatomia altera drasticamente a conformação das suas patas. O gato também se verá privado do seu principal meio de defesa, deixando-o à mercê de predadores se algum dia ele sair para a rua. Sem as garras para se defender, o gato passará a usar o que restou: seus dentes. É comum gatos que passaram por essa cirurgia começarem a morder seus donos, ou pior ainda, retirarem-se para um mundo só seu, normalmente em locais altos onde estarão menos expostos a perigos, e viverem isolados. Mas essas alterações psicológicas ficam para o próximo post, quando entrarei em mais detalhes sobre o que acontece exatamente na cirurgia, quais as complicações que podem ocorrer, e as consequências para o gato.

Fonte:  http://www.declawing.com

RESSALVAPara escrever nossos posts pesquisamos muito, e confirmamos todos os dados conversando diretamente com especialistas veterinários. No entanto, nós mesmas não somos veterinárias, e não podemos fazer diagnósticos, prescrever tratamentos ou medicamentos, muito menos online. Além disso, muitas vezes não conseguimos ler as mensagens todos os dias, então pedidos ‘urgentes’ perdem a razão de ser. Se o seu gatinho estiver apresentando qualquer tipo de problema de saúde, a primeira providência SEMPRE é levá-lo a um veterinário qualificado.
 

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